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  • Foto do escritorJosé Amorim de Oliveira Júnior

A importância do CONFLITO

O problema não é a existência de CONFLITOS, e sim como lidamos com eles: podemos lidar de forma destrutiva ou de forma positiva.

Somos ensinados, desde pequenos, a evitarmos o conflito. Nossa cultura cristã nos ensina a desejar a paz, a ausência do conflito, o Paraíso: “lugar onde reina a paz”, sem dor, nem conflitos.


O que significa um conflito? Derivado do verbo latino confligere, a palavra conflito é composta do prefixo “con” – que significa “junto” – e “fligere”, que quer dizer colidir, chocar-se. Conflito significa embate, luta.


Certa dose de conflito, em alguns momentos, é saudável e faz parte da existência. Significa que estamos vivos. O conflito é inerente à existência. O filósofo grego Heráclito encontrou no conflito e na mudança o elemento que era a arché, a origem de tudo: “A luta é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”. A vida, a realidade é dinâmica e está em constante transformação: tudo flui, em constante mudança. O fluxo constante da vida é impulsionado pelo conflito de forças contrárias: ordem x desordem, bem x mal, belo x feio, construção x destruição, alegria x tristeza...


A existência dos conflitos é normal e natural. A mudança gera adaptação, conflitos, pois precisamos nos ajustar a novas configurações de realidade e isso é POSITIVO. Na natureza o conflito é uma constante na luta pela sobrevivência. Intrapsiquicamente, ou seja, no nosso relacionamento conoscos mesmos, também existem conflitos: o que queremos versus o que devemos fazer etc. Imagina, então, quando duas pessoas se relacionam. É inevitável e normal que surjam conflitos.


Entre os principais motivos que explicam a existência de conflitos nos relacionamentos está o fato das pessoas possuírem PREFERÊNCIAS distintas (entender como o outro funciona ajuda a reduzir os conflitos, pois conhecemos suas preferências) e o fato das pessoas possuírem NECESSIDADES e desejos que são diferentes das outras e essas necessidades, em alguns momentos, entrarem em choque.


O problema não é a existência de CONFLITOS, e sim como lidamos com eles: podemos lidar de forma destrutiva e de forma positiva.


FORMA DESTRUTIVA DE LIDAR COM OS CONFLITOS: é quando entramos em guerra com os conflitos, quando queremos negá-los, impedir que se manifestem e sejam resolvidos. Isso é ruim, é anti-natural. Precisamos “fazer as pazes” com os conflitos que existem em nós mesmos e na vida. Sem conflito, não há vida. O conflito velado, oculto, não reconhecido e nem enfrentado destrói relações, seja consigo próprio, seja entre as pessoas.


Há duas formas negativas de se lidar com conflitos: pelo CONFRONTO e pela EVITAÇÃO.


No CONFRONTO ou na competição as pessoas buscam a vitória a qualquer preço, partindo do princípio de que, ao final, haverá um perdedor e um ganhador. As pessoas buscam ser as “donas da verdade” e buscam garantir o melhor para si, levando a outra à derrota. Uma considera a outra como um adversário. Como consequência, a relação fica desgastada. O foco não é a melhoria do relacionamento, mas sim vencer o outro, sobrepor seus interesses, culpar o outro por algo que ele fez, menosprezar o valor e a importância da outra pessoa, ressaltar as divergências; desacreditar, rebaixar, vencer, impor sua vontade sobre o outra, muitas vezes de forma violenta, agressiva, por gestos ou por palavras. As diferenças se transformam em lutas de poder e a comunicação se torna agressiva.


A EVITAÇÃO é outra forma negativa de se lidar com o conflito: uma das partes busca esquivar da situação, abrindo mão dos seus interesses, dos seus direitos, com o objetivo de preservar a relação ou para evitar o enfrentamento de uma situação para a qual não se está preparado, por temer consequências piores, e acaba se anulando, na tentativa de evitar o conflito. Isso só piora a situação, levando a desesperança, ao desgaste do relacionamento. No final, perde-se o amor, o sentido de estar junto: não falar, não conversar, ficar insatisfeito, se submeter a ter suas necessidades constantemente não atendidas gera mais desconexão e problemas do que enfrentar as diferenças, as insatisfações e os conflitos.


Às vezes a PASSIVIDADE é a maneira escolhida por uma das partes para evitar conflitos. As diferenças surgem, mas não são reconhecidas. Um dos parceiros domina ou ambos estão sacrificando quem são para agradar ao outro. Essa forma de lidar com os conflitos geralmente só piora porque leva a um comportamento passivo-agressivo, gera ressentimento, danifica a intimidade do casal. Querer agradar o outro a qualquer preço não resolve a situação. Muitas pessoas usam essa estratégia por ter dificuldade de expressar seus sentimentos e necessidades ou por confiar que o outro irá cuidar dela, colocando-a como prioridade, como ela está fazendo. Porém, com o passar do tempo, isso acaba levando a falência existencial, a pessoa fica esgotada, sem vitalidade, apática, perde a vontade e o ânimo de se relacionar e, às vezes, até mesmo o ânimo de viver.


FORMA POSITIVA DE LIDAR COM OS CONFLITOS: a melhor forma de se lidar com conflitos é as pessoas envolvidas entenderem que há diferenças, necessidades e interesses divergentes e usarem o diálogo de maneira saudável para criar compreensão e entendimento. O objetivo a se ter em mente é a melhoria do relacionamento.


O QUE FAZER PARA LIDAR DE FORMA SAUDÁVEL COM CONFLITOS EM RELACIONAMENTOS:

1) Você não tem que concordar e agradar sempre. Se permita se posicionar, expresse suas necessidades, seus pontos de vistas, os sentimentos que você tem, no relacionamento, se isso for importante para você.

2) Não armazene ressentimentos; caso contrário, cada conflito não vivido e não resolvido vai te distanciando cada vez mais de quem você ama.

3) Lembre-se de manter a boa vontade, separando a pessoa de quem você gosta do comportamento dela. Às vezes a pessoa está dando o melhor dela, não está nos machucando intencionalmente.

4) Assuma a responsabilidade por seu comportamento, necessidades e sentimentos. Em vez de dizer: “VOCÊ não se importa comigo”, diga: “Não sinto que eu seja importante para você, da forma como você me trata”.

5) Examine quais necessidades não atendidas estão te deixando com raiva. Seja direto e honesto sobre suas necessidades no relacionamento.

6) Ouça com curiosidade genuína o seu parceiro. Quando você não entender, peça esclarecimentos. Lembre-se de que é a forma como ele vê o mundo, revela a verdade sobre ele, não sobre você. Você é livre para discordar, mas se esforce por compreender a perspectiva da outra pessoa.

7) Em vez de exigir que seja do seu jeito, pense em soluções que atenda as necessidades envolvidas.

8) Dê um tempo se você começar a ficar com raiva. Isso permite que você se acalme. Garanta a seu parceiro que você vai retomar a conversa, em um outro momento. Use o intervalo para pensar em soluções e para acalmar os sentimentos feridos.


O QUE NÃO FAZER EM SITUAÇÕES DE CONFLITOS DE RELACIONAMENTOS:

1) Não tenha discussões controversas quando estiver cansado ou no quarto, muito menos na cama, que deve ser um lugar associado a momentos de prazer, de união.

2) Não faça acusações ou use as palavras “sempre” ou “nunca”.

3) Não faça comparações com outras pessoas.

4) Não julgue, culpe, menospreze ou seja sarcástico ou desdenhoso em palavras ou expressões faciais, como revirar os olhos ou sorrir.

5) Não espere que seu parceiro leia sua mente. Fale o que você está sentindo.

6) Escute seu parceiro, sem interromper. Não interrompa ou monopolize a conversa.

7) Evite ficar trazendo coisas do passado, remoendo situações. Isso não ajuda em nada.

8) Não abra mão de objetivos importantes para você, para agradar seu parceiro ou se manter em um relacionamento. Há certas coisas que devem ser “inegociáveis”. Se você abrir mão, acabará se anulando e colocando a outra pessoa como prioridade, e cobrará que ela faça isso por você. Provavelmente ela não fará, pois isso não é saudável e levará a mais conflito mais tarde.



REFERÊNCIAS USADAS PARA A ELABORAÇÃO DESSE CONTEÚDO:

. Instituto Elo: conflito

. Carvalho, José Maurício. Filosofia Clínica e Humanismo (pág. 125).


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