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  • Foto do escritorJosé Amorim de Oliveira Júnior

CURADORES FERIDOS


Segundo a mitologia grega QUÍRON era um centauro, criatura com corpo de cavalo e tórax e cabeça de homem.


Conta a lenda que Cronos se viu atraído fortemente pela bela Filira e, para tê-la, precisou se transformar em um cavalo para fugir da desconfiança de sua mulher, a deusa Réia. Da união desse amor proibido nasceu um menino, metade homem, metade cavalo.


Inconformada em ter gerado um Centauro, a mãe rejeitou o filho, pedindo aos deuses que a transformassem em uma árvore.


Quando Cronos soube, preocupado com os lenhadores, resolveu protege-la fazendo com que ela exalasse para todo sempre um agradável e inebriante perfume durante a primavera. Os Centauros costumavam ser violentos, por isso Cronos, que amava o filho, decidiu mudar esse destino dando-lhe suas virtudes de deus do tempo. Quiron herdou do pai a sabedoria, os conhecimentos de magia, astronomia e o dom de prever o futuro.


Além disso, era conhecedor das artes e da música. O menino foi entregue ao Deus Apolo e à deusa Artêmis para ser educado e, por sua sabedoria, virtudes e grande espiritualidade, foi eleito como rei dos centauros, recebendo a missão de educar os jovens para o respeito às leis divinas.


Quíron foi criado por Apolo, Deus da Sabedoria, que o criou como pai adotivo e lhe ensinou os seus conhecimentos: artes, música, poesia, ética, filosofia, artes divinatórias e profecias, terapias curativas e ciência. Grande curandeiro, astrólogo e um respeitado oráculo, Quíron era tido como o último dos centauros, e altamente reverenciado como professor e tutor. Entre seus pupilos, estavam Asclépio, Aristeu, Ajax, Enéas, Actéon, Ceneu, Teseu, Aquiles, Jasão, Peleu, Télamon, Héracles, Ileu, Fênix e Dioniso.


Enquanto os seus irmãos eram beberrões, indisciplinados e violentos, Quíron, que tinha sido criado por Apolo, era civilizado, bondoso e sábio, além de célebre por suas habilidades com a medicina, era um curador.


Quando Hércules matou o monstro Hidra de Lerna, que possuía cabeças envenenadas, ele acidentalmente feriu Quíron na coxa com uma das flechas saturadas de sangue do monstro. Quiron, embora imortal, não conseguia curar a si mesmo, ficando condenado a viver em sofrimento. Ferido e com um ponto sensível que doía ao ser tocado, reconheceu que possuía uma vulnerabilidade.


Por ser um veneno potente, gerou uma ferida incurável, que se tornou um sofrimento crônico, pois . Quíron era imortal. Ele era filho de Cronos, era filho de um deus.


Ferido, com muita dor e desconforto, Quíron, a partir da sua própria dor pessoal, sai pelo mundo em busca de recursos para se curar. Ele não morria, por ser imortal, mas também não conseguia se curar.


Os ferimentos de Quiron o transformaram no curandeiro ferido, aquele que, por meio de sua própria dor, é capaz de compreender a dor dos outros. Quiron representa a parte ferida de cada um, simbolizada por alguma deficiência, limitação ou problema, que o torna benevolente em relação aos que o cercam, pois os entende e acolhe seus sofrimentos com compaixão.


A sua jornada em busca de cura para si mesmo o faz se encontrar com tantas outras pessoas, em busca também de curar suas próprias dores e, por ter sua própria dor, Quíron tinha empatia pela dor do outro, se conectava com os outros. Quiron se torna um grande curador não apesar de sua ferida, mas exatamente por causa de sua ferida, pois passa a entender a dimensão do sofrimento daqueles que curava e foi isso que o transformou em um exímio curador, sendo chamado de “Curador Ferido”.


Sua Jornada em busca de sua cura e sua ajuda aos outros torna Quíron um ícone de todos aqueles que buscam ajudar os outros a curarem suas dores, ao mesmo tempo que procura curar sua própria dor e mostra que não precisamos ser perfeitos para ajudar os outros, e não precisamos, também, não ter problemas. Precisamos, sim, ter empatia e amor.

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