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  • Foto do escritorJosé Amorim de Oliveira Júnior

O lado bom dos Pensamentos "negativos"

Atualizado: 22 de abr. de 2020

Pensamentos negativos fazem parte de mecanismos de proteção importantes para a sobrevivência da nossa espécie. Eles podem nos atrapalhar ou podem ser úteis para nosso crescimento!





PENSAMENTOS NEGATIVOS PODEM SER PROTETIVOS

Ao longo de sua jornada evolutiva o ser humano desenvolveu mecanismos de sobrevivência para detectar o perigo. O sistema límbico, área primitiva do nosso cérebro, mais especificamente as amígdalas cerebrais, tem a função de detectar ameaças, preparar nosso organismo para reação de luta, fuga ou congelamento.


Esse sistema de sobrevivência e defesa não é privilégio dos seres humanos. Os demais animais também possuem instintos de defesa, proteção e sobrevivência.

Esse “alarme” interno nos salvou desde a era primitiva, quando precisávamos nos proteger de perigos naturais, como predadores e intempéries. Graças a ele nosso corpo produz substâncias (como cortisol e adrenalina) quando se sente em perigo ou precisa entrar em ação.


Nosso córtex cerebral, responsável pelos pensamentos e raciocínios, quando se sente em perigo, produz pensamentos que tem como finalidade nos preparar para enfrentar perigos, ameaças, nos preparar para lutarmos, fugirmos ou nos protegermos, ficando quietos.

O que chamamos de pensamentos “negativos” tem, originalmente, a intenção positiva de nos manter vivos, seguros. Não faz sentido lutar contra eles, querer eliminá-los totalmente. Eles fazem parte da nossa constituição biológica, como mecanismo de proteção.

A ocorrência de pensamentos negativos é algo natural quando estamos expostos a situações adversas e perigosas.


É normal um pai ou uma mãe ter pensamentos negativos sobre algo que possa acontecer com seu filho, ou alguém que tem um bom emprego ter algum pensamento negativo relacionado à eventual perda desse emprego.


Esses pensamentos, em princípio, não são negativos. Pelo contrário, são uma prova de que nos importamos profundamente com algo e nos prepara para cuidarmos, zelarmos e protegermos o que é importante para nós.


QUANDO OS PENSAMENTOS SE TORNAM REALMENTE “NEGATIVOS”?


Às vezes, porém, esse mecanismo, criado para funcionar como defesa e proteção, é acionado desnecessariamente, identificando perigo onde não existe, se preparando para reagir a perigos imaginários ou super dimensionados, gerando pensamentos persistentes e intrusivos que, associados a outros fatores, podem causam doenças físicas e emocionais, conforme explica a neurocientista Candace Pert, no livro Moléculas da emoção.


Quando um pensamento deixa de ser saudável, protetivo e passa a nos fazer mal, passa a ser negativo, tóxico?


Para responder a essa questão, precisamos verificar se esse pensamento é funcional (se nos faz bem) ou disfuncional (se nos faz mal).

Um pensamento que inicialmente era funcional (ou seja, nos fazia bem), nos protegia, era saudável, pode passar a ser disfuncional (nos fazer mal), pode ser negativo quando:

1) interferir, atrapalhar ou nos impedir de alcançar nossos objetivos de vida;

2) ter uma intensidade tão forte que seja prejudicial, causando muito sofrimento, nos afastando dos nossos recursos;

3) vir à nossa mente com frequência, de forma intrusiva, recorrente, nos causando sofrimento e prejudicando nossas atividades rotineiras.


DICAS DE COMO UTILIZAR OS PENSAMENTOS NEGATIVOS PARA NOSSO CRESCIMENTO


1ª dica: acolha e aceite o pensamento negativo. Isso não significa se render a ele, não fazer nada para mudar o que nos incomoda ou nos amedronta. Acolher e aceitar um pensamento negativo significa parar de brigar com ele. Se ele existe é porque está nos alertando sobre algo que é importante para nós. Permita que ele exista, se conecte com ele e entenda qual é a sua intenção positiva e protetiva. Ele quer te proteger do que?


Em seguida, verifique se ele aponta para uma ameaça real ou imaginária. Lembre-se: “Sofremos mais na imaginação do que na realidade” (Sêneca). Não acredite em tudo o que você pensa. Pensamentos não são fatos. Se for algo imaginário, se conecte com seus recursos, com suas forças e qualidades, para se sentir seguro.


2ª dica: Em vez de se pre-ocupar, se ocupe, aja. Quem se pre-ocupa não se ocupa, apenas gasta energia pensando. Após entender qual é a intenção positiva e protetiva do pensamento, se for uma ameaça real, descubra o que você precisa fazer, crie um plano de ação e coloque-o em prática.


Aprenda a enfrentar a situação que está povoando seus pensamentos. A pior forma de lidar com um pensamento negativo é deixar de enfrentar a situação. Todas as vezes que evitamos ou não encaramos um problema, a rede neural que existe em nosso cérebro, associada à reação de luta e fuga se fortalece e reforça a ideia de que não somos capazes de enfrentar o problema. Todas as vezes que enfrentamos os problemas, vamos percebendo que não somos vítimas, podemos fazer algo. Lembre-se: dê pequenos passos, faça avanços, ganhe confiança e aprenda a celebrar cada conquista.


Há pessoas que, ao longo de suas vidas, deixam passar oportunidades, abrem mão de seus objetivos e metas por acreditar em pensamentos negativos (“não sou capaz, não consigo”; “não sou forte o suficiente”, etc.) e acabam limitando suas vidas.

Tim Ferriss, em sua palestra TED “Porque você deve definir seus medos, em vez de definir seus objetivos” dá várias dicas sobre como lidar com pensamentos negativos relacionados a medos.


Pense sobre o que aconteceria se a situação que você teme realmente se concretizasse: “o que aconteceria se eu perdesse o emprego?”; “o que aconteceria se minha empresa falisse?”; “o que aconteceria se minha ideia de negócio desse errado?”


Talvez você tenha de recomeçar, do zero, talvez se sinta frustrado por não ter dado certo.

Em seguida, identifique o que está dentro do seu controle: o que você pode fazer para evitar ou diminuir a probabilidade de que algo que você tema aconteça? A quem você pode pedir ajuda? Que recursos você tem e que pode usar para lidar com a situação? Há algo que possa desenvolver, em você? Se existir algo que possa fazer, faça!


Crie estratégias de adaptação para lidar com o que está fora do seu controle.


Se pergunte quais seriam os benefícios de uma tentativa ou sucesso, ainda que parcial. Olhe para o que pode ter de positivo se você arriscar fazer o que está pensando em fazer.


Qual é o preço da inação: “se eu evitar essa ação ou decisão, como estará minha vida (financeiramente, emocionalmente, fisicamente) daqui a 6 meses? Daqui a 12 meses? Daqui a 3 anos?” Reflita sobre isso e crie um cenário que te mobilize a agir.

Muitas das nossas decisões e escolhas realmente são desafiadoras. As escolhas difíceis, o que mais temos medo (de fazer, perguntar, dizer) são geralmente as que mais precisamos fazer. Os maiores desafios e problemas que enfrentamos nunca serão resolvidos de forma confortável.


3ª dica: identifique se o seu pensamento negativo tem a ver com uma EXPECTATIVA (quando você “espera que algo aconteça ou que algo não aconteça”), um DESEJO (quando você “QUER muito que algo aconteça ou que não aconteça”) ou uma EXIGÊNCIA (quando você “EXIGE que algo aconteça” ou “que algo NÃO aconteça”).

EXIGÊNCIAS que não são atendidas geram emoções destrutivas contra nós mesmos (por exemplo, “não posso errar”) ou contra outras pessoas (por exemplo: “fulano não pode errar”).


Muitas das nossas exigências e crenças irreais e improdutivas foram aprendidas na nossa infância. Não por acaso o psicólogo Haim Ginott disse que “Crianças são como cimento fresco. Tudo o que cai nelas deixam marcas.”


Lembre-se: da mesma forma que aprendemos essas exigências e pensamentos negativos e improdutivos, podemos des-aprender. Em vez de alimentar um pensamento negativo e irracional (por exemplo: “não posso errar”), aprenda a transformá-lo em um pensamento racional e produtivo (por exemplo: “sei que, como todas as pessoas, cometerei meus erros e, quando isso acontecer, aprenderei com eles, me tornarei uma pessoa melhor”).


A capacidade de transformar pensamentos disfuncionais em pensamentos funcionais é um dos segredos das pessoas bem sucedidas. Em vez de exigir que as coisas sejam do seu jeito, elas se adaptam à realidade e aprendem a lidar tanto com as situações e emoções positivas, agradáveis, quanto adversas. Todos nós nos deparamos com adversidades em nossas vidas. Quando enfrentamos, em vez de exigir que não existam, aprendemos, crescemos.


4ª dica: parar de ter pensamentos e julgamento depreciativos a respeito de você, das outras pessoas e do mundo. Aprenda a “Olhar e aceitar as coisas e as pessoas do jeito que elas são, e não como gostaríamos que fossem”.


O olhar apreciativo sobre nós mesmos, o outro e o mundo nos permite enxergar o que temos de bom, o que o outro tem de bom e o que o mundo tem de bom e nos ajuda a tirar o foco do que não temos, do que nos falta, e enxergar e usar os recursos que temos, para usá-los em direção do que queremos, dos nossos objetivos.

CONCLUSÃO


Quando falamos de acolher o que precisa ser acolhido e descartar o que precisa ser descartado podemos aprender muito com a fisiologia do nosso corpo. Os rins filtram nosso sangue, eliminam as substâncias nocivas, amônia, ureia e ácido úrico. O intestino absorve os nutrientes e elimina os resíduos. O sistema respiratório retém oxigênio e elimina gás carbônico. A pele, maior órgão do corpo humano, elimina o suor.


Podemos também fazer uma “fisiologia dos pensamentos e sentimentos”: assimilar o que precisamos, o que nos sustenta e nos faz crescer e eliminar o que é inútil e prejudicial à nossa saúde.


E você, que tal realizar uma higiene e uma fisiologia dos pensamentos e das emoções? Eliminar pensamentos e sentimentos disfuncionais, que te atrapalham, te afastam dos seus objetivos? Acredita que alguma das dicas pode te ajudar nessa tarefa?


Consegue acessar os recursos necessários para enfrentar o que precisa ser enfrentado, e descartar o que não precisa mais, se tornando uma pessoa mais leve, focada e plena?

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